Um dos maiores e mais terríveis crimes contra a humanidade, senão o mais nefasto, foi o tráfico de pessoas. Justiça reparatória é necessária para caminharmos na direção de dirimir a gigantesca exclusão social e morte.
A data tem centralidade em rememorar as pessoas que sofreram e foram exterminadas, submetidas ao sistema brutal, em nome da acumulação capitalista.
Durante o período de quatro séculos o mundo viu pessoas serem tratadas como mercadorias, aproximadamente 15 milhões de pessoas tiveram suas vidas precificadas, violadas e as consequências perduram até os dias atuais.
Os descendentes africanos, através do comércio transatlântico de pessoas escravizadas, foram privados de todas a formas de viver em liberdade, tendo suas vidas violadas para que brancos acumulassem fortunas, negando a estas pessoas á saúde, educação, viver sua cultura, vivência em família, obrigados a esquecer sua ancestralidade e ainda, viver a sua fé de maneira velada, por vezes, catequizados a aceitar a fé branca.
Essa desumana supremacia branca não extinguiu com o “fim” do período de escravidão, até porque esta violência permanece reconfigurada com a realidade presente.
A humanidade aboliu a comercialização, mas segue identificando que a população preta ainda não integra a sociedade de forma igualitária. À ela, resta os empregos precarizados, educação superior com as cotas em desmontes, ataques de uma polícia preconceituosa, políticas segregadoras que favorecem o branco e ignora o preto, e tantas outras formas de materialização desta violência que mata ainda hoje.
Refletir conjunturalmente sobre este período de escravidão, imputa-nos a reforçar a luta antirracista e pensar se de fato superamos a escravidão, ou se vivemos uma modernização na forma de aprisionar vidas, tendo como mote os interesses do capital.
A ONU reconhece a importância da data desde o ano de 2007, quando percebeu a urgência da luta e os perigos que o preconceito provoca de maneira profunda na sociedade.
Lutemos para que todas as vidas sejam verdadeiramente livres, como nas palavras de Mandela: “Nenhum poder na Terra é capaz de deter um povo oprimido, determinado a conquistar sua liberdade”.
Luciane Dias – Assistente Social
Referências Bibliográficas: