A sobrecarga de trabalho é uma realidade enfrentada por muitos profissionais do SUAS, mas você sabe o que é de fato “sobrecarga de trabalho”?
A sobrecarga no trabalho é o excesso de demanda ou atividades que um profissional é encarregado de cumprir, ou seja, é quando um trabalhador tem mais tarefas do que consegue concluir dentro do prazo determinado
Altas demandas, acúmulo de funções, pressão por resultados e escassez de recursos impactam diretamente a qualidade do serviço prestado e a saúde mental de quem cotidianamente executa e operacionaliza políticas públicas, sobretudo o SUAS que incide na proteção social.
Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para buscar soluções. Valorização profissional, investimento em estrutura, ampliação das equipes e acesso à educação permanente são estratégias fundamentais para enfrentar esse desafio.
A maior parte do nosso dia passamos trabalhando e investindo na carreira profissional e, por vezes, em decorrência dessa busca e por estratégias capitalistas, somos envolvidos em jornadas de trabalho exacerbadas, exaustivas, que levam consigo nossa qualidade de vida em seu caráter biopsicossocial.
E jamais podemos esquecer das jornadas com aprofundamento de exploração, tais como aquelas estabelecidas sem direitos garantidos, que sempre visam o lucro sobre a vida, como no caso da jornada 6X1.
Não há como falar de sobrecarga de trabalho sem o recorte da luta da classe trabalhadora que segue explorada, muitos com adoecimento em decorrência do trabalho como no caso da Síndrome de Burnout.
A Fundação Getúlio Vargas compartilhou “uma pesquisa realizada por Paul Ferreira, vice-diretor do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (NEOP) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), em parceria com as empresas Talenses e Gympass, aponta que 43% dos respondentes alegaram que estão com sobrecarga de trabalho.”
O trabalhador inserido na divisão sócio e técnica do trabalho, sujeito às contradições do capital e suas expressões exploradoras, ao vender sua força de trabalho vivencia as tensões, impactos e exigências impostas pelo cotidiano, colocando até mesmo sua saúde em risco, com condições mínimas de trabalho garantidas.
Reivindicar proteção à saúde da classe trabalhadora requer um movimento coletivo, pois estamos todos sujeitos à condição de assalariado e, conforme Iamamoto 2012, devemos identificar os limites e possibilidades no interior do espaço ocupacional, para que conjuntamente possamos buscar estratégias para “construir alternativas para romper com o instituído, sem superdimensionar o poder do capital”.
Portanto, é imperativo conhecer e analisar as manifestações concretas de adoecimento físico e mental a que estão submetidos os trabalhadores do SUAS e demais profissões para além do SUAS, pois é com a classe trabalhadora que atuamos diariamente.
Ações consistentes e voltadas à saúde mental da classe trabalhadora são parte essencial da política pública. A valorização das equipes é também uma forma de reconhecer os usuários e fortalecer o SUAS como Política Pública de Estado.
Luciane Dias
Assistente Social
Referências Bibliográficas:
IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. 8. Ed. São Paulo: Cortez, 2012.
Um tema extremamente necessário de ser debatido, especialmente no contexto do SUAS.
É fundamental lembrar que garantir condições dignas de trabalho é também fortalecer a política pública como um todo.
A saúde mental precisa ser tema de discussão frequente dentro das unidades do SUAS. Texto muito importante!
Importante reconhecer que a sobrecarga no SUAS afeta a saúde mental de muitos profissionais e compromete a qualidade do serviço.
Muito bom o artigo! Fala de um tema pesado, mas super real: a sobrecarga no trabalho.
Muita gente vai se identificar com esse retrato: pressão, acúmulo de tarefas, pouco recurso e saúde mental indo pro água abaixo. É importante trazer essa discussão pra mesa e lembrar que cuidar de quem cuida também é prioridade.
Parabéns pelo texto!