A celebração do orgulho LGBT conquistou vários países pelo mundo, porém a data não é marcada por alegrias. Deve-se ao fato ocorrido no ano de 1969 conhecido como Rebelião de Stonewall ou Distúrbio de Stonewall, na cidade de Nova York, quando o bar homoafetivo Stonewall foi invadido por policiais, provocando a revolta das pessoas presentes que reagiram contra a violência policial, pois aquele era o único lugar seguro na época para esta população.
No ano seguinte, mais de 10 mil pessoas se reuniram para celebrar o dia da rebelião, dando origem à marcha do orgulho.
Os movimentos da população LGBT, as ações coletivas de rua, os manifestos, as paradas e tantos outros, são as formas como essa população busca por direitos, respeito, acolhimento, equidade, igualdade, pelo simples desejo de ser quem são.
Os avanços existem, mas são ínfimos, considerando a sociedade patriarcal em que vivemos, a pausa é para refletir quais os caminhos e possibilidades de obter respeito, na luta contra a homofobia, a discriminação e a violência.
A Parada LGBT da Paulista é considerada a maior do mundo, no entanto, mesmo com todos estes movimentos sociais, o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT no planeta. Uma disparidade de fatos que nos convida a refletir: Será que a sociedade superou a “Rebelião de Stonewall”, ou o fenômeno segue mais firme que na época?
Os reflexos e resultados do preconceito culminam em extermínio das pessoas e esta é uma luta de toda a sociedade, independente da orientação sexual. A exigência de que conquistemos uma sociedade igualitária não pode ser uma utopia, mas o fomento para endossarmos essa bandeira.
O dia do orgulho é também um reforço para lembrar à sociedade que ninguém deve sentir vergonha por ser quem é, e fortalecer a unidade na diversidade. A identidade de gênero e a orientação sexual são partes constitutivas da dimensão da identidade da pessoa humana e ser respeitada/o/e é o mínimo da convivência entre as pessoas.
Quando uma pessoa morre por ser quem é, sinaliza que políticas protetivas e pedagógicas precisam ser fortalecidas ou mesmo elaboradas, no caso de inexistência.
Pensando no atendimento qualificado para a população LGBT o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS e o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – CNCD/LGBT através da Resolução Conjunta nº1/2018 estabelece parâmetros e diretrizes para os três entes federados de como atuar com a população LGBT no âmbito do SUAS, reafirmando a garantia de direitos e atendimento livre de discriminação.
Não podemos falar em consolidação dos direitos sociais se uma parcela da população tem seus direitos restringidos ou negados; não podemos falar em liberdade se uma parcela da população não é verdadeiramente livre. Assegurar políticas públicas que considerem as particularidades, promover espaços de debates sobre diversidade é uma expressão de que a justiça social está sendo buscada.
Estamos longe de uma sociedade justa, mas fazer resistência contra a homofobia, contra o patriarcado e o neoliberalismo é reivindicar por nós e por todas/os/es o direito de existir.
Orgulho e Revolução!
Luciane Dias
Assistente Social
Referências Bibliográficas:
https://www.cidadanialgbt.ms.gov.br/wp-content/uploads/2022/06/1-CARTILHA-DIREITOS-TRANS-A4-lupa.pdf
https://www.cidadanialgbt.ms.gov.br/?page_id=803
Resolução Conjunta Nº 1, De 21 De Setembro De 2018 que Estabelece parâmetros para a qualificação do atendimento socioassistencial da população LGBT no Sistema Único da Assistência Social – SUAS, disponível em: https://aplicacoes.mds.gov.br/snas/regulacao/visualizar.php?codigo=5254 acesso em 27/06/2024.
2 respostas
Necessário debater sobre o tema quando se observa que o mesmo país que apresenta o maior espetáculo de parada gay, também é o que mais mata as pessoas da comunidade. Parabéns Luciane Dias por mais esta contribuição
Grata por seu retorno Simone Melette, há muito caminho para percorrermos na direção de diminuir o espaço entre o que se fala, se faça. E seu tem alguma forma, creio que seja por meio do coletivo, do debate afetuoso. Sejamos nós parte de uma luta para que todas as pessoas possam existir e serem, verdadeiramente livres.