Oficinas no SUAS: quando é PAIF e quando é SCFV?

Muito se fala em atividades coletivas no SUAS enquanto estratégia inovadora que promovem o diálogo, a troca de experiências, valores e discussões acerca de situações externas que afetam as famílias e toda a sociedade.

O Trabalho Social com Famílias no âmbito do PAIF – Serviço de Proteção Integral à Famílias e Indivíduos objetiva ações de prevenção às situações de risco pessoal e social, bem como fortalecer os vínculos familiares e comunitários e para tal, utiliza instrumentos e ações técnicos-operativos sob a égide de referenciais teórico-metodológicos e ético-políticos que subsidiam propostas e pactuações de trabalho.

Dentre as ações disponíveis ao SUAS estão as Oficinas, presentes tanto no PAIF, quanto no SCFV – Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, mas será que são iguais? 

Para o PAIF as Orientações Técnicas apresentam as Oficinas com Famílias, que têm por intuito “suscitar reflexão sobre um tema de interesse das famílias, sobre vulnerabilidades e riscos, ou potencialidades, identificados no território, contribuindo para o alcance de aquisições, em especial, o fortalecimento dos laços comunitários, o acesso a direitos, o protagonismo, a participação social e a prevenção a riscos”. (Orientações Técnicas sobre o PAIF – Volume 2)

Direcionadas às famílias ou algum de seus membros, geralmente os representantes familiares, as oficinas oferecem espaços reflexivos que visam buscar respostas qualificadas sobre as demandas vivenciadas, com pactuações entre equipe técnica e população atendida. É uma ação planejada com foco no fortalecimento da função protetiva da família. 

Em complementaridade ao trabalho social com famílias desenvolvido pelo PAIF, contamos com o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, integrante também da Proteção Social Básica, mantendo a mesma intenção preventiva que o PAIF. O que difere um serviço do outro na ação coletiva é que no SCFV vamos encontrar uma organização em grupos que objetiva trocas culturais, de vivências, de convívio e que desenvolvem o sentimento de pertença e identidade, considerando as características de ciclo de vida e diversidade. Propicia oportunidade de escuta, construções coletivas, fortalece tomada de decisões, reconhecimento das diferenças, participação do público alvo de forma lúdica.

As Oficinas no SCFV, conforme apresenta o caderno de orientações técnicas, são práticas de vivências culturais, lúdicas, de esporte e lazer desenvolvidas como estratégias para atingir objetivos específicos. Estimulam criatividade, fomentando mecanismo de apreensão de protagonismo e de acesso a bens e serviços. Ações que potencializam vivência e diálogo e que podem utilizar como ferramentas o esporte, lazer, arte e cultura em âmbito local e/ou intersetorial.

Em síntese:

• Oficinas com Famílias no PAIF = são modalidades de atendimento que trata de forma coletiva os fenômenos e expressões das questões sociais presentes no âmbito familiar e comunitário.
• Oficinas com Famílias no PAIF NÃO são = “…não são oficinas de trabalhos manuais, de terapias alternativas ou de outras práticas que não condizem com as seguranças afiançadas pela política de assistência social”.
• Oficinas no SCFV = são estratégias para “potencializar e qualificar os grupos”.
• Oficinas no SCFV NÃO são = grupos, nem geração de renda

A Política Nacional de Assistência Social centraliza-se na matricialidade sociofamiliar, reconhecendo a importância da família em suas múltiplas configurações e esta concepção tem destaque pois, para que a família exerça sua função protetiva, o Estado precisa preceder a proteção. Desta forma, o trabalho social com famílias traz materialidade à política, com ações técnico-científicas aprofundando conhecimentos na conjuntura, conhecimento do território, dos arranjos familiares e do movimento do capitalismo que imputa às famílias situações cotidianas de desafios para garantir sobrevivência.

Para um processo emancipatório é essencial que toda a sociedade se aposse do quanto nos é negado em políticas públicas e ocupem os espaços de reivindicação (controle social).

E como são desenvolvidas as oficinas em seu município? 

Luciane Dias
Assistente Social

Referências Bibliográficas:

https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/assistencia_social/cartilha_paif_2511.pdf