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Aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente – 13 de julho

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, criado a partir da Lei 8.069 em 13 de julho de 1990, apresenta um avanço histórico com a ruptura com o código de menores que tratava especificamente da situação irregular dos “menores” da época, dando lugar e a este brilhante estatuto centrado na proteção integral das crianças e dos adolescentes de todo país.

Esta norma de ordenamento jurídico implantada em 1990 trouxe protagonismo para a população infanto-juvenil, reconhecendo-os como sujeitos de direitos, observada sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

O ECA, atrelado à doutrina de proteção, rompe com a característica da doutrina da situação irregular, sendo que o “menor”, passa a ser reconhecido como Pessoa.

Parece-nos apenas uma mudança singela, de nomenclatura, porém trata-se de uma alteração conceitual, promovendo na sociedade o reconhecimento da necessidade da caminhada em luta por uma sociedade justa e igualitária.

A ONU reconhece que o Brasil tem uma das legislações mais completas de direitos para crianças e adolescentes do mundo.

Um marco legal de muita relevância para o país, que visa garantir a proteção integral de crianças e adolescentes brasileiras que, de acordo com o IBGE, no censo de 2022, 20% da população brasileira é formada por crianças e adolescentes, deste número 40,1 milhões de pessoas têm entre 0 e 14 anos e destas, 10,6 milhões estão submetidas à extrema pobreza, conforme dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

Temos uma norma jurídica que reconhece a prioridade absoluta na elaboração de políticas públicas, mas em contraponto vivenciamos este cenário de total negligência estatal.

Apreciar os indicadores têm que ser mote para pensar estratégias e planos de ações de enfrentamento diante da realidade da infância brasileira.

Reconhecemos os avanços importantíssimos para toda a sociedade que o Eca trouxe, entretanto há muito trabalho para garantia da proteção integral desta população, como nos mostra a Pnad, 2019 que cerca de 1,5 milhão de meninos e meninas em idade obrigatória estavam fora da escola naquele período, e esta exclusão tem raça, classe e condição, precisamos falar sobre isso.

Quem está fora da escola são os pobres, os pretos, os indígenas, os quilombolas e pessoas com alguma deficiência. Proteção Integral: para quais crianças?

De acordo com o UNICEF e Datasus 2018, “a cada uma hora alguém entre 10 a 19 anos é assassinado no país – quase todos meninos, negros, moradores de favela”. Este dado nos revela a celeridade que o Estado precisa agir, pois como diz o próprio Estatuto em seu artigo 4º:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

As pautas para crianças e adolescentes , por vezes, não estão centradas na proteção dos meninos e das meninas, eles e elas precisam se desenvolver com segurança, sem que suas vidas sejam atingidas por intenções políticas retrógradas que só intensificam violações, como foi o caso do PL 1904/2024 que versa sobre o aborto.

Propostas violadoras, inadequadas, antagônicas ao que preconiza o ECA devem ser combatidas com veemência.

Se propostas vierem para garantir vida feliz, brincante e saudável manifestamos acordo, o oposto vamos declarar revolta e denúncia contra toda forma de desmonte e afronta à proteção integral deste Estatuto que foi fruto de muita mobilização social, de movimentos sociais, trabalhadores e militantes voltados à infância, construído coletivamente.

Luciane Dias
Assistente Social

Referências Bibliográficas:

D’AGOSTINI, Sandra Mári Córdova. Adolescente em Conflito com a Lei… & a Realidade! Curitiba: Juruá, 2003.

https://www2.camara.leg.br/a-camara/programas-institucionais/noticias/13-de-julho-aniversario-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-eca

https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/brasil-tem-10-6-milhoes-de-criancas-e-adolescentes-com-idades-entre-0-e-14-anos-vivendo-na-extrema-pobreza

https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/10/27/censo-2022-brasil-tem-o-menor-numero-de-criancas-da-historia-desafio-e-melhorar-educacao.ghtml

https://www.sefras.org.br/blog/como-e-a-realidade-das-criancas-e-adolescentes-que-vivem-no-brasil?gad_source=1&gclid=CjwKCAjw1920BhA3EiwAJT3lSdCnpKtnuSAKXzIe_46t9kvFi0X7af2rujoU5ZwYpxfM2idvrTPMhxoCaSAQAvD_BwE

https://www.unicef.org/brazil/situacao-das-criancas-e-dos-adolescentes-no-brasil#:~:text=S%C3%A3o%2053%2C7%20milh%C3%B5es%20de,precisam%20ter%20seus%20direitos%20garantidos&text=O%20Brasil%20possui%20uma%20popula%C3%A7%C3%A3o,(Estimativa%20IBGE%20para%202019).

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Uma resposta

  1. Luciane Dias destaca a importância histórica do ECA, que reconheceu crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. Apesar dos avanços, os dados apontam desigualdades persistentes, como exclusão escolar e violência, especialmente entre grupos vulneráveis. A ação estatal precisa ser mais eficaz, e propostas contrárias ao ECA devem ser combatidas para garantir a proteção integral dessa população.

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