Quantas vezes durante uma ação profissional, você já se perguntou se o que está sendo realizado com as famílias é acompanhamento ou é atendimento?
Continuando nosso diálogo sobre a assistência social contemporânea, que rompe na forma da lei com o caráter pontual, descontinuado e de resposta fragmentada, a PNAS nos apresenta uma política que, para a oferta de seus serviços, considera o contexto social que a família está inserida da família, suas expressões culturais e o território que está inserida.
Nesta organização que tem como centralidade a matricialidade sociofamiliar, os serviços são ofertados de maneira que possibilitem emancipação e protagonismo dos envolvidos, e para efetividade desta proposta, a família é essencial na construção de caminhos para superação da demanda que culminou na referência do núcleo junto ao equipamento do SUAS, seja o CRAS – de forma preventiva, protetiva e proativa, ou ainda o CREAS – por situações que resultaram em violações de direitos advindos de risco pessoal ou social.
Para efetivação dos serviços socioassistenciais as ferramentas de atendimentos são necessárias para qualificar a oferta destes, mas quando serão destinados atendimentos e quando o acompanhamento?
O atendimento refere-se a uma ação imediata de prestação ou oferta de atenção. Seu objetivo é buscar uma resposta efetiva da necessidade do indivíduo, da família ou do território. Configura-se como um ato, um processo em que o profissional utiliza seu conhecimento teórico-metodológico, de caráter breve frente a demanda, mas sempre com ações distanciadas do assistencialismo ou desarticuladas.
Durante o atendimento os técnicos podem fazer a inserção de um ou mais membros do grupo familiar em alguma das ações do PAIF como: acolhida, ações particularizadas, ações comunitárias, oficinas com famílias e encaminhamentos.
Já o acompanhamento familiar consiste em um conjunto de ações desenvolvidas de forma continuada a partir do estabelecimento de compromissos entre famílias e profissionais, que pressupõem a construção de um Plano de Acompanhamento Familiar com objetivos claros com a realização de mediações periódicas, a inserção em ações do PAIF, buscando a superação gradativa das vulnerabilidades vivenciadas.
Lembrando, que o acompanhamento é realizado junto às famílias que estejam em situação de vulnerabilidade, no intuito de contribuir com a proteção da Assistência Social para a garantia e o acesso de direitos, na direção da superação da situação de vulnerabilidade vivenciada.
É interessante que os profissionais estejam atentos nesta distinção, no intuito de avaliar no cotidiano de trabalho quando será destinado o atendimento e quando a demanda da família requer o acompanhamento. Lembrando sempre que o processo avaliativo de trabalho, qualifica-o e permite maior aproximação com o objetivo que se pretende atingir.
Contudo, embora haja diferenças entre o atendimento e o acompanhamento, o que ambos têm em comum e que os coloca em igualdade de importância, é que tanto o atendimento, quanto o acompanhamento consubstanciam o trabalho social com famílias, caminho para se efetivar a proteção social, função da Política de Assistência Social.
Luciane Dias – Assistente Social
Referências Bibliográficas:
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/orientacoes_Cras.pdf
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/PNAS2004.pdf