Mês de Março – Mês de lutas pelos direitos das mulheres

O dia 8 de março é o Dia Internacional de Luta das Mulheres, um marco histórico que objetiva visibilizar as lutas das mulheres por direitos, por igualdade de gênero nos âmbitos sociais, econômicos e políticos.

A histórica nos mostra que por muito tempo as mulheres não tiveram seus direitos reconhecidos e a luta por igualdade de direitos se fortalece no início do século XX com o advento da ONU – Organização das Nações Unidas que reconheceu a importância da defesa dos direitos de igualdade para as mulheres.

Mas a luta por direitos das mulheres é anterior a este fato, desde a Idade Média as mulheres sofrem com ausência de direitos, como a caça às bruxas que, com o crescimento da religião cristã, marcou aquela época por perseguir mulheres que não seguiam à risca as normas impostas pela ordem vigente, como obedecer a seus maridos, cuidar do lar, ser recatada, que se desviassem dos valores cristãos. Aquelas que não aceitavam este controle, eram perseguidas e condenadas à morte por afogamento, enforcamento e queima na fogueira.

Este marco pesado da história influenciou o movimento feminista atual, pois a execução de inúmeras mulheres pautadas em motivos religiosos e políticos, atravessa os tempos e se mantém presente, com uma configuração contemporânea, mas que segue violando os direitos das mulheres.

No início do século XIX se inicia uma luta por direito ao voto, o movimento sufragista, que expande para a busca por liberdades de direitos civis e políticos, nada ainda voltado a questões sociais, educacionais e afins.

Na década de 1920 a ativista Bertha Lutz e sua luta pelo sufrágio feminino, ajudou a desenhar o movimento feminista, que transcorreu o tempo e se fortaleceu no período da ditadura militar, onde coletivos de mulheres se reuniram clandestinamente para discutir sobre seus direitos, entre as pautas estavam direito ao aborto seguro, combate à violência doméstica, mulher e trabalho, fim da ditadura, redemocratização do país, entre outras.

Desse movimento surgiu uma imprensa feminista, que publicava as pautas discutidas, que até hoje são centrais nas lutas da mulheres, pois tais direitos não foram consolidados.

As mulheres seguiram reivindicando pautas caras para a sociedade, estando presente também nas mobilizações que culminaram na Constituição Federal. Na época todas as sessões constituintes contavam com a presença de uma feminista.

Desde então a democracia brasileira contou com a participação das mulheres, acumulando conquistas e mudanças, mas ainda sem ruptura com o conservadorismo.

Um marco histórico de conquista das mulheres é a Lei Maria da Penha de 2006, que visa coibir os casos de violência doméstica e familiar, bem como punir o agressor. Um resultado de uma luta histórica das mulheres no combate ao machismo que normaliza relações de abuso intrafamiliares.

O fato de as mulheres estarem ocupando espaços de poder não tem garantido de fato que nossas vozes sejam ouvidas, nem os direitos de igualdade garantidos.

A luta pelos direitos das mulheres sempre foi urgente, o Brasil acumula índices elevadíssimos de feminicídio que só aumenta após os anos.

O 8 de Março é dia de luta, de reflexão, de união, de mobilização, de grito pela liberdade, de revolução. Não há o que comemorar, mas cabe atos de agradecimentos às nossas antecessoras, aquelas que ousadamente lutaram para que hoje tivéssemos os mínimos de direitos garantidos.

Como diz a combatente escritora/ativista Angela Davis: “Eu não estou aceitando as coisas que eu não posso mudar, estou mudando as coisas que eu não posso aceitar”, sejamos neste tempo revolucionárias que não se calam e que se reconheçam na luta, unidas pelos direitos de igualdade das mulheres no campo político, social e econômica e em todos os espaços que quisermos.

Parafraseamos Simone de Beavouir: “Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre. ”

Luciane Dias – Assistente Social

Referências Bibliográficas:

CAÇA ÀS BRUXAS: A IMPORTÂNCIA DAS MULHERES QUEIMADAS NA INQUISIÇÃO PARA O MOVIMENTO FEMINISTA. Pernambuco, 2022. Disponível em: https://es.mpsp.mp.br/revista_esmp/index.php/RJESMPSP/article/view/508

https://www.brasildedireitos.org.br/atualidades/as-conquistas-do-movimento-feministabrasileiro?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=conquistas&gad_source=1&gclid=CjwKCAiAxaCvBhBaEiwAvsLmWD42CwxhC5u7s3pWMWbjKfl09jeOs2AF-5oZrmwq1V2xlxNn2YVmzhoCpRsQAvD_BwE

https://www.tre-pr.jus.br/comunicacao/noticias/2023/Marco/a-historia-do-dia-internacional-da-mulher

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