Realizada no Panamá entre os dias 4 a 7 de abril na capital do país, a Conferência Mundial do Serviço Social teve por tema “Respeitar a diversidade por meio da ação social conjunta”, sendo a primeira conferência mundial do serviço social após a pandemia da Covid-19.
A pandemia impactou a vida de todas as pessoas, vivenciando uma das maiores crises sanitárias ocorridas no mundo, onde passamos por momentos difíceis enquanto ser social, enfrentando a nossa própria finitude.
A sociedade já é constantemente submetida a questões críticas ocasionadas pela desigualdade social, resultado do sistema de produção capitalista e agravadas pelo contexto de pandemia que afetou todo o mundo e este fato trágico apresenta elementos fundantes para pensar as possibilidades organizativas da profissão no cenário mundial.
A Conferência conjunta reuniu profissionais, acadêmicos, tomadores de decisões e membros da sociedade civil de todo o mundo para discutir problemas globais e refletir/traçar possíveis estratégias a serem seguidas por cada território.
Vale lembrar que o tema pensado é urgente, frente ao avanço do conservadorismo no mundo, que se remodela consubstancialmente para perpetuar o projeto de opressão de uma classe sobre a outra, com intenções de invisibilizar e extinguir pessoas que buscam por direitos e liberdade.
Caribe, local escolhido para sediar a Conferência, pressagia cor e diversidade que o tema traz. A América Latina em sua totalidade é múltipla e foi forjada a partir da diversidade cultural do povo, sendo esta, a diversidade cultural, uma possibilidade de instrumento de enfrentamento aos métodos capitalistas de segregação.
A conferência foi organizada pela Associação Internacional de Escolas de Serviço Social (Aiets), pelo Conselho Internacional de Bem-Estar Social (ICSW – sigla em inglês) e pela Federação Internacional de Assistentes Sociais (Fits) e contou com a presença do CFESS – Conselho Federal de Serviço Social e ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, fortalecendo a concepção de profissão defendida e construída pela categoria no país e atuando no debate internacional da profissão.
Centrada na defesa da diversidade e na busca por um mundo justo, de acordo com o Comitê do Programa Acadêmico, 2024, a conferência buscou o fortalecimento de ações sociais conjuntas para delinear trajetórias emancipatórias, resgatando a ideia de totalidade e renovando a identidade profissional.
Em meio a uma realidade mundial de guerras, crises econômicas, ambientais, culturais e tantas outras formas de expressão violenta e exploratória, a conferência ofertou um momento de fortalecimento do diálogo e da base conceitual da profissão, com práticas coletivas de socialização de experiências profissionais, reconhecendo e reafirmando a defesa de direitos, articulando com movimentos sociais e demais organizações.
A conferência propôs a ampliação da “diversidade e das diferenças culturais, sociais, econômicas, políticas, religiosas e de gênero, apontando como a qualidade de vida e o trabalho são afetados pela discriminação e pelo segregacionismo”. SWSD, 2024.
O fortalecimento conceitual da profissão pautado na coletividade e na defesa intransigente dos direitos da classe trabalhadora, reafirma o compromisso com um projeto ético-político emancipatório e livre, mas que vem sendo atacado também pela lógica capitalista.
O Serviço Social é uma profissão necessária para o Brasil e para o mundo, pois une forças com toda a sociedade para reivindicar a construção de uma sociedade que tenha como horizonte a justiça social, a liberdade, a cidadania e a democracia, contra toda forma de investidura neoliberal e de precarização do trabalho.
Sejamos nós, profissionais do serviço social, incidindo de forma criativa, científica e qualificada na vida das pessoas que integram classes subalternas E estigmatizadas, fomentando a ideia coletiva de desacordo com a manutenção e perpetuação do conservadorismo.
Luciane Dias
Assistente Social
Referências Bibliográficas: